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Taxas curtas ficam de lado e longas sobem com câmbio e risco no exterior

A curva de juros doméstica fechou com algum ganho de inclinação em função do cenário externo negativo nesta quinta-feira, 2020, dado o aumento das preocupações sobre os efeitos do coronavírus na economia que ampliaram a aversão a risco principalmente nos ativos emergentes. As moedas deste grupo foram penalizadas, com o real renovando pico histórico de fechamento e com máximas intraday perto de R$ 4,40. Nesse contexto, os juros longos estiveram pressionados, enquanto os demais rondaram a estabilidade, uma vez mantida a percepção de que a Selic deve demorar a ser alterada. O dia foi de noticiário local intenso, mas com pouco reflexo sobre as taxas. O Banco Central (BC) reduziu a alíquota dos compulsórios a prazo, o IPCA-15 de fevereiro veio praticamente em linha com o esperado e a arrecadação federal superou as estimativas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 4,195% (regular e estendida), de 4,190% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2022 passou de 4,651% para 4,67% (regular) e 4,68% (estendida). Nos longos, a taxa do DI para janeiro de 2027 subiu de 6,371% para 6,41% (regular) e 6,46% (estendida).

A primeira etapa dos negócios, até o começo da tarde, foi marcada por uma avalanche de notícias e indicadores, mas o dólar foi o que definitivamente mais pesou durante toda a sessão. “O movimento nos juros teve mais a ver com o câmbio e aversão ao risco externa, e um pouco da expectativa pelo leilão de pré”, resumiu a gestora de renda fixa da MAG Investimentos, Patricia Pereira.

Outra medida da aversão ao risco foi dada pelo tombo dos retornos dos Treasuries, refletindo a busca pela segurança dos títulos do Tesouro norte-americano. A taxa da T-Note de dez anos voltou a ser negociada abaixo de 2%, marcando 1,964% no fim da tarde.

Logo na abertura, o mercado já conhecia o IPCA-15 de fevereiro (0,22%), que veio encostado na mediana das estimativas (0,23%) e não chegou a influenciar os negócios, mesmo porque o mercado ainda digeria a decisão sobre os compulsórios. A alíquota de recolhimento será reduzida de 31% para 25% a partir de 16 de março, o que vai liberar R$ 49 bilhões. Além disso, houve redução da parcela dos recolhimentos compulsórios considerados no Indicador de Liquidez de Curto Prazo (LCR) dos bancos em 2 de março, e, com isso, mais R$ 86 bilhões serão liberados no sistema.

Ainda que num primeiro momento as medidas possam ter levado a alguma relação com a política monetária, ao longo do dia prevaleceu a ideia de que o BC está apenas corrigindo mais uma distorção do sistema financeiro doméstico do que visando aquecer a economia. “É uma medida mais estrutural, de normalização, do que conjuntura, inserida na agenda BC#. O próprio Bruno Serra afirmou que não tem a ver com política monetária”, disse Patricia.

“Não tem a ver com conjuntura. É estrutural. A taxa de juros é o instrumento que usamos para entregar meta de inflação”, disse o diretor de Política Monetária, Bruno Serra.

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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