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Taxas futuras fecham de lado em meio a pessimismo com PIB e pressão do câmbio

A nova escalada do dólar para nova máxima nominal histórica (R$ 4,3574) nesta terça-feira, 18, não assustou os juros futuros, que oscilaram ao redor da estabilidade durante toda a sessão. No momento mais crítico do dia, quando a moeda rompeu R$ 4,36 perto das 16 horas, os longos bateram máximas, mas sem se afastar dos ajustes anteriores e nada que pudesse ser lido como tendência clara para a curva. O mercado esteve sujeito a um “jogo de forças” que limitou a oscilação das taxas: de um lado, o crescimento da aversão ao risco vinda do exterior e o novo aumento do dólar; de outro, mais uma safra de revisões em baixa para o PIB e aumento da percepção de que a Selic pode voltar a cair antes de subir.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 4,215% (regular) e 4,225% (estendida), de 4,220% ontem no ajuste, e a do DI para 2022 ficou estável em 4,71% (regular) e subiu levemente para 4,720% (estendida). O DI para janeiro de 2025 passou de 5,972% para 6,00% (regular e estendida) e a do DI para janeiro de 2027 subiu de 6,371% para 6,39% (regular) e 6,40% (estendida, na máxima).

“O mercado está num momento delicado. A sinalização do BC é de que a barreira para novos cortes da Selic está alta e o dólar voltou a subir. Ao mesmo tempo, há receio com os impactos do coronavírus, que se recusa a ser pagina virada, e com a fraqueza da atividade”, resumiu o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi.

A terça-feira trouxe outra rodada de revisões para baixo para PIB, inflação e Selic, pelas instituições financeiras que, em tese, poderiam ser estímulo para montagem de posições vendidas, mas não o suficiente para a tomada de risco. Já há instituições acreditando que o crescimento do País este ano ficará abaixo de 2%, caso do BNP Paribas, que reviu sua já baixa projeção de 2% para 1,5%. O banco também agora espera juro básico de 3,5% no fim do ano. O Citi (2,2% para 2%) e o Banco MUFG Brasil (2,8% para 2,2%) igualmente alteraram seus números. Por outro lado, lembra Caramaschi, “a vulnerabilidade do real diante do cenário externo sugere certa cautela”.

O pessimismo com o crescimento aumentou depois do alerta da Apple, de que não cumprirá suas projeções para o trimestre em função dos impactos do surto para a economia e as cadeias de produção, lido como o primeiro sinal concreto dos impactos do vírus. “O câmbio está estressado, a aversão ao risco é global depois da Apple, mas se o impacto chegou numa empresa americana pode haver recessão global”, disse o gerente da Mesa de Reais da CM Capital, Jefferson Lima. Ele acrescenta que se houver queda de demanda por commodities “é mais juro baixo e por isso os DIs não andam”.

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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