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Campos Neto: autonomia é para ter mínimo de instrumentalização política possível

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira, 18, que a proposta de autonomia do BC, em tramitação na Câmara, busca permitir “o mínimo de instrumentalização política possível” na autarquia. O comentário foi feito durante reunião com a bancada de deputados federais do DEM, sobre o projeto de autonomia.

Campos Neto disse que da forma como a proposta foi desenhada, ninguém terá sozinho poder sobre juros no Brasil. Isso será possível porque o projeto prevê mandatos fixos de quatro anos, não coincidentes, com direito a uma recondução, para o presidente do BC e os oito diretores da autarquia. Com isso, conforme Campos Neto, uma pessoa que entrar na cúpula do BC não conseguirá mudar a estrutura.

O presidente do BC afirmou ainda que, no projeto de autonomia, não está estabelecido qual é o critério de performance dos dirigentes, para que eles possam ser demitidos. “Mas falta de performance leva, sim, à saída do dirigente. O senado vai decidir (a saída)” afirmou.

Campos Neto afirmou ainda que o BC inseriu no projeto de autonomia um dispositivo para permitir o investimento da autarquia em projetos de tecnologia.

Como o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, relevou na sexta-feira passada, 14, o projeto de autonomia que está na Câmara traz a proposta de criação de um fundo a ser administrado pelo BC, com recursos provenientes de valores pagos hoje pelos bancos à autarquia, para uso de sistemas tecnológicos. Em 2019, esta cifra chegou a R$ 274,4 milhões, mas ainda não está definido o porcentual disso que iria para o fundo. Enquanto o BC trabalha para ter um fundo próprio, o Ministério da Economia luta para extinguir outros 248 fundos públicos, em esforço para eliminar o chamado “dinheiro carimbado” do orçamento.

Hoje, Campos Neto afirmou que, em 2019, ao longo do contingenciamento, a autarquia quase teve que parar com seus projetos de tecnologia. “Gostaríamos de ter mais independência. Gostaríamos pelo menos de assegurar que os projetos de tecnologia sejam garantidos”, disse, em defesa do dispositivo.

Campos Neto participou nesta terça de reunião com a bancada do DEM sobre o projeto de autonomia do BC. Neste momento, ele está em reunião fechada, desta vez com a bancada do PSD, para discutir a proposta.

Por Fabrício de Castro

Estadão Conteúdo

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