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Bretas: participação de juízes em eventos dos outros Poderes ‘expressa harmonia’

O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, responsável pela Lava Jato fluminense, afirmou na noite desta segunda-feira, 17, em seu perfil no Twitter, que a participação de autoridades do Judiciário em solenidades de caráter institucional e religioso dos demais Poderes é “muito comum”, e “expressa a harmonia entre esses Poderes de Estado, sem prejuízo da independência recíproca”.

A declaração faz parte de uma nota pública divulgada pelo magistrado após questionamentos sobre sua presença em evento gospel que contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro, no sábado, dia 15.

A participação de Bretas no evento motivou o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz a apresentar reclamação no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pedindo a abertura de processo administrativo disciplinar contra o juiz – para apurar supostos atos de caráter político-partidário e autopromoção e superexposição do magistrado.

No documento, Santa Cruz não só citou a participação de Bretas no evento gospel, mas também na inauguração da alça de ligação da Ponte Rio-Niterói com a Linha Vermelha, registrada em vídeo publicado pelo magistrado em seu perfil no Instagram.

O juiz também foi mencionado em ofício da Procuradoria Regional Eleitoral do Rio de Janeiro que pediu ao Ministério Público Estadual que investigasse se a participação de do prefeito Marcelo Crivella e de Bretas no evento gospel configuraria violação à legislação eleitoral, possível desvio de conduta e uso eleitoral do poder religioso.

Em resposta aos questionamentos, Bretas afirmou que recebeu convite para participar da agenda oficial de Bolsonaro no Rio, tendo se encontrado com o presidente na Base Aérea do Santos Dumont. Como parte da comitiva presidencial participou então da inauguração de obra na Ponte Rio-Niterói e do culto evangélico comemorativo dos 40 anos da Igreja Evangélica Internacional da Graça de Deus, na Praia de Botafogo, na zona sul.

O juiz afirmou que não recebeu informações sobre quantas e quais pessoas estariam nos eventos, que incluíam políticos e empresários. Além disso, frisou que não se tratavam de eventos político-partidários, mas solenidades de caráter técnico e institucional (obra) e religioso (culto).

Ao fim da nota pública, o magistrado destacou ainda que “desde sempre professa a Fé Cristã Evangélica”.

Por Pepita Ortega

Estadão Conteúdo

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