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Taxas fecham em alta com leitura da atuação do BC no câmbio, serviços e exterior

A quinta-feira foi de alta moderada para os juros futuros, que, principalmente nos trechos curto e intermediário, tinham espaço para a recomposição de prêmios após sucessivas quedas nas últimas sessões. A intervenção do Banco Central hoje no segmento de câmbio, que jogou a cotação da moeda para baixo após uma sequência de cinco altas e renovando máximas históricas em termos nominais, foi lida como um sinal de que a autoridade monetária está desconfortável com o atual nível do dólar, o que tende a enfraquecer as chances de retomada, em algum momento, do processo de queda da Selic. O avanço das taxas teve contribuição, ainda, do resultado do setor de serviços levemente acima da mediana das estimativas. Na ponta longa, pesaram a aversão ao risco no exterior com o agravamento das preocupações com o coronavírus e, em menor magnitude, o leilão de títulos prefixados.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou com taxa de 4,260% e 4,255% (regular e estendida), de 4,225% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2022 subiu de 4,791% para 4,83% (regular) e 4,82% (estendida). O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 6,08% (regular e estendida), de 6,032% ontem no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2027 passou de 6,391% para 6,44% (regular) e 6,43% (estendida).

A atuação extraordinária do BC pela manhã, ofertando US$ 1 bilhão em contratos de swap tradicional, teve grande influência hoje no desempenho do mercado de juros. A operação foi convocada quando o dólar à vista oscilava perto dos R$ 4,38, reagindo a declarações de ontem do ministro Paulo Guedes, e logo depois de anunciada colocou a moeda em rota de baixa. “Uma vez que o BC atuou no câmbio, se mostrou mais preocupado com o nível da taxa, sugerindo menor chance de cortar juros na medida que o dólar vem respondendo às expectativas com juros”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.

Um gestor da mesa de renda fixa de uma instituição em São Paulo vê com naturalidade essa reação da curva à atuação do BC, especialmente após a sequência de baixas nos principais vencimentos, destacando que a correção de hoje foi pequena diante do alívio de prêmios recente. “Normalmente quando o BC intervém no câmbio, o mercado fica mais arisco. E realização é normal, com as taxas basicamente devolvendo apenas a queda de ontem”, afirmou.

Na curva a termo, segundo Rostagno, a precificação para a Selic no Copom de março mostra 100% de chance de Selic estável em 4,25% e, para o fim do ano, a curva aponta Selic em 4,75%.

A agenda do dia ajudou a puxar as taxas um pouco para cima, com o volume de serviços prestados em dezembro ligeiramente além do que apontavam as medianas captadas pela pesquisa Projeções Broadcast. Em dezembro, na margem, o volume caiu 0,4%, ante mediana de -0,5%. Ante dezembro de 2018, houve alta de 1,6%, contra mediana de +1,5%.

A ponta longa foi afetada pelo mau humor no exterior, na sequência da disparada de casos diagnosticados de coronavírus e do número de mortes após mudança no método de diagnóstico da doença. A aversão ao risco, traduzida por exemplo no aumento da demanda pelos Treasuries, pesou nos longos, juntamente com alguma pressão do leilão do Tesouro.

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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