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Empresas debaixo d’água em SP; só no comércio, prejuízo pode ser de R$ 110 mi

A chuva que atinge São Paulo desde a noite deste domingo, 9, causa estragos pela cidade visíveis nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira, 10.

Algumas empresas, principalmente as localizadas próximas à Marginal Tietê e Marginal Pinheiros, nas zonas sul e oeste da capital, amanhecerem hoje debaixo de água. Enquanto tentam se organizar para manter ao menos parte de sua operação, os negócios contabilizam os prejuízos com a inundação e a falta de funcionários, que não conseguiram chegar ao trabalho.

O varejo da Região Metropolitana de São Paulo, da Capital, ABCD paulista, Guarulhos e Osasco deve deixar de faturar nesta segunda-feira R$ 110 milhões por causa da situação, segundo projeções da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP).

De acordo com o assessor econômico da Fecomércio-SP, Guilherme Dietze, essa cifra corresponde a 11% do receita de um dia das lojas instaladas nessas regiões e 0,40% do faturamento mensal.

Nesse cálculo, o economista considerou lojas que não foram abertas por falta de funcionários, outras que abriram, porém com o quadro de pessoal incompleto e deve registrar movimento muito fraco.

Segundo Dietze, os segmentos mais afetados pelas chuvas são supermercados, farmácias e de compras por impulso, como artigos de vestuário. Já itens de maior valor, como eletrodomésticos, devem ter as compras adiadas.

Agência parada

O presidente da agência Young & Rubicam, David Laloum, disse nesta segunda que os trabalhos da sede principal da agência de publicidade estão completamente parados. A empresa, que fica na Marginal Pinheiros, teve o subsolo e o estacionamento tomados pela água na madrugada desta segunda. “Tentei ir à agência, pois moro a 1,5 km de distância, mas não consegui chegar porque o nível da água não para de subir”, disse ele.

A orientação da Y&R aos funcionários é que permaneçam em casa. A agência vem monitorando a situação, mas a informação atual é que o nível da água continuou a subir ao longo da manhã. Como parte da rede de computadores da empresa esta no subsolo, Laloum disse que existe risco de prejuízo para as operações – a verdadeira extensão do problema só deve ficar clara nos próximos dias, de acordo com o executivo. “Já tivemos um problema parecido, há cerca de 15 anos. Realmente está um caos.”

A Y&R tem escritórios em São Caetano do Sul, no ABC – para atender a conta da Via Varejo – e na Faria Lima. Alguns funcionários conseguiram chegar a esses locais, mas a orientação geral para todos os funcionários da companhia nesta segunda é evitar deslocamentos.

‘Perdi tudo’

O empresário Marcio Daré, de 40 anos, perdeu tudo na enchente que atingiu a grande São Paulo. Ele tem uma companhia de desenvolve maquinários especiais e trabalha com robôs nas cidade de Osasco, na Grande SP. “Estimo que meu prejuízo foi de mais de R$ 1 milhão”, conta.

A MCK Automação Industrial funciona em um condomínio comercial que reúne cerca de 30 galpões. “Todas as empresas foram afetadas”, conta Daré.

Ele tem 130 funcionários e diz que vai passar o dia contabilizando os prejuízos. “Tenho seguro, mas não sei se o seguro vai cobrir esse tipo de episódio. Há pessoas que trabalham no condomínio há mais de 20 anos e contam que nunca viram uma enchente assim. Eu mesmo nunca vivi nada parecido”, diz.

Daré afirma que a preocupação é não só com o dia de hoje, mas com os próximos. “Tenho várias encomendas, máquinas de clientes. Não sei como vou entregar isso e nem como vai ser o futuro da companhia. Uma tragédia dessas fez com que muitas pessoas fossem prejudicadas e muitas podem mesmo a vir ficar desempregadas”, diz.

Fabio Luís Schaderle, dono do restaurante Jaguar, no bairro paulistano de Campos Elíseos, decidiu não abrir as portas nesta segunda. Metade da equipe de funcionários não conseguiu chegar ao trabalho. Também não foram entregues os hortifrutis, que ele compra diariamente. Schaderle, que mora perto do restaurante, na região central, teve de ir a pé até o local, porque não conseguiu táxi nem carro de aplicativo.

O empresário diz que não é possível calcular o prejuízo por causa das chuvas. Segundo ele, as perdas não deve se restringir às cerca de 60 refeições diárias que vai deixar de servir. “Estou preocupado com a perda do estoque também”, explica.

Normalmente, ele tem produtos para um ou dois dias. No caso dos hortifrutis, que são abastecidos diariamente, o empresário está apreensivo com o aumento de preços desses itens que deve ocorrer por causa das perdas e da oferta menor. “Vou ter de mudar o cardápio”, prevê.

Por Fernando Scheller e Márcia de Chiara

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