Os juros futuros abrir pressionados nesta segunda-feira. O impacto na economia chinesa e global da epidemia com o novo coronavírus impõe cautela aos investidores internacionais, que indicam aversão a risco. As bolsas na Europa estão em queda, assim como os contratos futuros de petróleo nas bolsas de Londres e Nova York. O retorno à atividade, previsto para hoje na China, acontece parcialmente. Muitas empresas seguem sem operar por conta da epidemia. No Brasil, os alagamentos com as fortes chuvas na cidade de São Paulo, centro financeiro do País, podem afetar os negócios.
As consequências sociais e econômicas da epidemia continuam imprevisíveis. “Podemos estar vendo apenas a ponta do iceberg”, afirmou sua rede social o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, em relação à disseminação do coronavírus. “Houve alguns casos preocupantes de #2019nCoV (hashtag para a doença) a partir de pessoas sem histórico de viagens para a China”, relatou ele na rede social Twitter. “A detecção de um pequeno número de casos pode indicar uma transmissão mais difundida em outros países”, afirmou o diretor.
Na sexta-feira, a curva das taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) com baixa nos vencimentos de prazo curto e alta nos de prazo longo. A inclinação aconteceu porque o IPCA de janeiro surpreendeu e veio abaixo do esperado, ao passo que a cautela global penalizou a moeda brasileira, que voltou a marcar recorde histórico de depreciação ante o dólar. As taxas mais longas também foram pressionadas pela transferência de prêmios da parte curta e intermediária para a mais longa.
Na agenda desta segunda-feira, o IPC-S desacelerou a 0,51% na primeira quadrissemana de fevereiro depois de ter registrado alta de 0,59% no período anterior. O indicador foi divulgado hoje cedo pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Há pouco, o Relatório de Mercado Focus revelou uma queda na projeção para o IPCA em 2020 de 3,40% para 3,25%. Para 2021, a previsão do IPCA ficou inalterada em 3,75%. O Focus também trouxe sem alteração a perspectiva para a Selic em dezembro deste ano (4,25%). Na sexta-feira, a curva de juros encerrou precificando 90% de chance de manutenção da Selic na próxima reunião do Copom e 10% de chance de corte de 0,25 ponto porcentual, segundo cálculos da Quantitas Asset.
Para a terça-feira, é esperada a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) referente à reunião da semana passada em que o Banco Central (BC) cortou a Selic em 0,25 ponto porcentual e decidiu sinalizar o encerramento do ciclo de afrouxamento monetário. Os agentes do mercado devem procurar no texto novos sinais sobre por quanto tempo o BC deve manter os juros inalterados, ainda que a perspectiva seja que a autoridade monetária repita o comunicado da última quarta-feira.
ÀS 11h18, contrato de depósito interfinanceiro (DI). O DI para janeiro de 2021 era negociado a 4,250%, de 4,275% do ajuste de sexta-feira. O DI para janeiro de 2025 cedia a 6,170%, ante 6,20% no ajuste de sexta-feira. O DI para janeiro de 2027 estava em 6,52% ante 6,55% no ajuste de sexta-feira.
A baixa na mediana para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) 2020, para 3,25%, ajuda no viés de baixa dos juros futuros. O ajuste dessa projeção, porém, era esperado após a surpresa com o IPCA de janeiro na semana passada. E as taxas ainda refletem o dólar desvalorizado.
Por Karla Spotorno e Luciana Xavier
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