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Médicos usam remédios contra HIV e ebola para tratar novo coronavírus

Com 565 mortes e cerca de 28,2 mil infectados pelo novo coronavírus, especialistas recorrem a medicamentos contra HIV, H1N1, ebola e à medicina tradicional chinesa para tratar pacientes. A doença, reportada pela primeira vez na China em dezembro, já chegou a outros 24 países.

No domingo, a Tailândia anunciou que pacientes apresentaram melhora 48 horas após serem tratados com uma combinação de medicamentos para HIV e altas doses do oseltamivir, usado no tratamento de H1N1. Os Estados Unidos trabalham com uma farmacêutica, que já desenvolveu tratamento para o ebola, com o intuito de criar uma droga para o vírus.

O coquetel foi dado a pacientes em estado grave, incluindo uma chinesa de 70 anos, da cidade de Wuhan, epicentro do surto. Ela apresentou testes positivos para o vírus por dez dias e, 48 horas após o tratamento, o resultado deu negativo. Apesar da boa expectativa, médicos do Rajavithi Hospital, em Bangcoc, onde o tratamento foi feito, ainda não consideram a opção como cura e dizem ser preciso fazer mais estudos para definir se este é um tratamento-padrão.

Na Tailândia, foi feita a combinação de lopinavir e ritonavir com o oseltamivir, conhecido pelo nome comercial Tamiflu, este em uma dose elevada. Segundo o hospital, dois pacientes que receberam abordagem semelhante tiveram reação alérgica e outro melhorou.

“É um novo vírus. Não há resposta terapêutica e algo tem de ser feito para não perder o doente. Quando vão fazer estudo clínico, pesquisadores comparam grupos que receberam o tratamento e os que não receberam. Essa situação (do coronavírus) é uma operação de guerra e as pessoas são obrigadas a fazer algo com o que têm nas mãos”, explica Jean Gorinchteyn, infectologista do Instituto Emílio Ribas.

Professor de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e diretor clínico do Grupo Fleury, Celso Granato diz que alguns esquemas de tratamento são propostos para encurtar o processo de desenvolvimento de uma droga, considerando a necessidade. “Quando tem algo marcante e grave, não dá tempo de fazer ensaio clínico para validar uma droga nova, o que dura muitos anos. Nesse caso, faz uso compassivo, dá o medicamento sem saber se faz mais mal do que bem e tem a evidência de que é melhor do que deixar o paciente morrer. Remédios para HIV são usados normalmente e já se conhece o grau de risco. O Tamiflu também é muito seguro.”

Nos EUA, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos ampliou acordo com a farmacêutica Regeneron para desenvolver um tratamento. A parceria, desde 2017, tem como foco remédios para doenças que põem a saúde pública em risco. Um deles foi o tratamento para o ebola, usado em 2019 na República Democrática do Congo, com aumento significativo de taxas de sobrevida. A proposta, agora, é produzir anticorpos monoclonais, cópias de um único tipo de anticorpo produzidas em laboratório. Esses anticorpos seguem certas proteínas do vírus e conseguem neutralizar a capacidade do patógeno de infectar células humanas.

Alternativa

Na China, médicos também têm usado medicamentos para HIV, tendo como base estudo de 2004 que apontou respostas favoráveis em casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), que matou cerca de 800 pessoas em 2002 e 2003. Além disso, autoridades têm recomendado a integração da medicina tradicional chinesa, por meio de substâncias que têm ingredientes antivirais ativos, e a medicina ocidental. Cientistas chineses já publicaram estudos sobre o uso da medicina tradicional chinesa para aliviar sintomas da Sars.

Nesta quarta-feira, 5, Pequim disse que um remédio para ebola, Remdesivir, será testado em ensaios clínicos. Informou ainda que 892 pacientes infectados receberam alta e o tempo de permanência hospitalar variou de 5 a 20 dias. Pacientes só recebem alta depois que os sintomas desaparecem e após teste de ácido nucleico com resultado negativo duas vezes. Pacientes de Wuhan ainda permanecem no hospital de 10 a 12 dias após essas etapas. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Paula Felix

Estadão Conteúdo

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