A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apresentou nesta quinta-feira (6) um estudo que mostra a evolução da indústria, dos produtos e do mercado automotivo na década passada. “Os anos 2010 foram um teste sem precedentes à resiliência da indústria automotiva nacional, e a década de 2020 dá todos os sinais de que será a mais disruptiva na história do nosso setor e da mobilidade”, afirma Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea.
Todos os indicadores da década passada revelam uma queda sem igual nas vendas e na produção a partir de 2015. Os números do Banco Central do Brasil mostram que sem o socorro das matrizes, muitas montadoras poderiam sucumbir à longa recessão da segunda parte dos anos 2010. No total, houve um ingresso líquido de US$ 24,1 bilhões para que os fabricantes conseguissem investir em produtos, tecnologias e modernizações, mesmo numa fase de grandes prejuízos.
De acordo com Moraes, os números contrastantes de faturamento e investimento indicam que as montadoras honraram seus compromissos de reduzir as emissões, melhorar a eficiência dos motores, e ao mesmo tempo aumentar o nível de segurança, comodidade e conectividade de seus produtos. “Além disso, absorvemos a queda de mercado e produção tentando preservar os empregos em nossas fábricas na medida do possível. A redução das vagas em nosso setor foi muito menor do que o tombo do mercado”, explica.
Além de uma grande recessão, a indústria nacional enfrentou desafios comuns a todo o setor automotivo global, que é a mudança dos hábitos de consumo de mobilidade. De acordo com levantamento da Anfavea, o Brasil já tem 253 aplicativos de transporte, fenômeno que impacta a forma de venda de veículos.
Um exemplo dessas mudanças são as vendas diretas, que pouco sofreram nos anos de depressão do mercado, e hoje representam 37% dos licenciamentos de veículos leves no País, excluídas daí as vendas PcD (uma venda varejo com isenções, que por lei é considerada uma espécie de faturamento direto). Dentre os vários segmentos de venda direta, as locadoras lideram, com quase 20% do mercado total. “Várias empresas terceirizam suas frotas, muitos motoristas de aplicativos usam carros de locadoras, e assim esse canal de vendas torna-se fundamental para o setor automotivo”, garante o presidente da Anfavea.
Na avaliação de Moraes, a década conturbada deixa várias lições para que a indústria e o Brasil enfrentem os grandes desafios dos próximos 10 anos. Segundo ele, há muito espaço para melhorar as formas de financiamento de veículos, aumentar a competitividade, ampliar as exportações e explorar o potencial criativo da indústria instalada no País. “Só assim cresceremos de forma consistente, sustentável, gerando empregos de qualidade e surfando nas novas tendências de mobilidade conectada”, afirma.
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