A valorização do dólar no exterior, um dia antes da divulgação do relatório de emprego de janeiro dos Estados Unidos, documento que baliza as decisões do Federal Reserve, contribuiu para pressionar o mercado de câmbio aqui. Os primeiros sinais concretos de impacto do coronavírus na indústria brasileira também contribuíram para estimular a busca por proteção no dólar, dia também marcado por saída de capital externo, seja por uma grande operação relatada por operadores, seja por capital deixando a Bolsa.
Em dia de forte volume de negócios, o dólar à vista fechou com valorização de 1,09%, a R$ 4,2852. A moeda americana fechou em nova máxima nominal desde a implantação do Plano Real, de acordo com as cotações do AE Dados. A anterior foi dia 31 de janeiro, quando o dólar terminou em R$ 4,2850. No mercado futuro, o dólar para março chegou na máxima a R$ 4,2910.
No exterior, a divisa americana subiu hoje após a China anunciar redução de tarifas para US$ 75 bilhões de produtos comprados dos Estados Unidos, movimento que tende a fortalecer a economia americana, e também no aguardo de um bom relatório de emprego (chamado de payroll), que será divulgado amanhã. O Morgan Stanley espera criação de 155 mil vagas em janeiro.
Aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou os juros ontem e sinalizou que o ciclo de reduções chegou ao fim. Com isso, o diferencial de juros do Brasil com o exterior, já historicamente baixo, para de diminuir. Logo na abertura, o dólar registrou a mínima do dia, a R$ 4,20, refletindo o alívio pelo fim do ciclo, mas o movimento não durou muito e o real se alinhou a outras moedas emergentes. Para a analista de moedas do banco alemão Commerzbank, You-Na Park-Heger, se o Banco Central tivesse optado por “deixar as portas abertas” para novos cortes da Selic, o estrago no câmbio seria ainda maior. Hoje, a moeda emergente com pior desempenho ante o dólar foi o rand da África do Sul.
Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, não só o baixo diferencial de juros contribui para pressionar o câmbio, mas fatores domésticos hoje contribuíram para o clima de maior estresse. Entre eles, as declarações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de que o caminho das reformas é longo, e a homologação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da delação premiada do ex-governador do Rio, Sergio Cabral. Um dos temores é que possa envolver empresas listadas na Bolsa.
Operadores ressaltam ainda que preocupações do coronavírus voltaram ao radar após a divulgação de uma sondagem feita pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). Segundo o levantamento, 22% das empresas afirmam que há a possibilidade de paralisar a produção nas próximas semanas caso a situação persista. Houve ainda por 52% dos entrevistados de problemas no recebimento de materiais e insumos da China. “Podem começar a faltar peças e gerar um enfraquecimento geral”, afirma o responsável pela a
Por Altamiro Silva Junior
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