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Após chuva, nova lei de BH deixa brecha para canalizações de rios

Esta semana, um temporal destruiu parte da região centro-sul de Belo Horizonte. O acúmulo de cursos d’água tampados na cidade, principalmente o Ribeirão Arrudas, é apontado por especialistas como um dos motivos para que a enchente tenha sido mais severa. A partir do dia 5, começa a vigorar o novo plano diretor da cidade, que proíbe tampar rios, mas deixa brecha para canalizações. Das 55 mortes em Minas desde a semana passada por causa das chuvas, 13 foram em BH.

Na canalização, o curso d’água é pavimentado, muitas vezes com alargamento. Pode haver transformação da calha, remoção de curvas e, em alguns casos, o rio é tampado. A nova lei diz apenas que é preciso “priorizar” que cursos d’água sejam mantidos no leito natural.

BH é cortada por quase 700 quilômetros de córregos e ribeirões – 250 deles canalizados e, parte, cobertos. O crescimento da metrópole e a falta de atenção para permeabilizar o solo tornam as enchentes comuns.

Muitas vezes, o objetivo é esconder o mau cheiro do córrego. Marcus Vinícius Polignano, do projeto ambiental Manuelzão, ligado à Universidade Federal de Minas (UFMG), diz que o “encaixotamento” dos córregos transforma cursos d’água em “canhões hidráulicos”. “No modelo da natureza, sabiamente, os cursos d’água são sinuosos, serpenteiam, para quebrar a força da água. Na canalização, coloca-se o córrego retilíneo e o concreto, o que torna a velocidade da água muito maior.”

A experiência mais recente de BH é a do Arrudas, o principal da cidade, cuja canalização foi há décadas. Em 2007, ele teve parte do leito coberto em trecho do centro, com construção de boulevard. Cinco vigas da estrutura foram afetadas pela pressão da água nas últimas chuvas. Duas caíram no leito. A prefeitura diz que a queda das vigas não traz riscos à estrutura.

Mais ações. Secretária de Políticas Urbanas de BH, Maria Caldas diz que o plano diretor traz “soluções baseadas na natureza”. Prevê ampliar áreas ambientais em 40 km² e elevar a capacidade de drenagem, com mais áreas verdes e obrigação, por construtoras, de criar caixas de coleta de água nas edificações com capacidade igual à que o terreno teria a céu aberto.

Sobre a chuva de terça, Maria diz que, com ou sem canalização, o volume de água que caiu na cidade provocaria estragos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Leonardo Augusto, especial para AE

Estadão Conteúdo

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