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Juros fecham perto dos ajustes com piora do câmbio e coronavírus no radar

O recuo dos juros futuros de médio e longo prazos, visto na maior parte do dia, perdeu força a partir dos minutos finais da sessão regular da B3 e as taxas fecharam perto da estabilidade, alinhando-se às da ponta curta, que já oscilavam ao redor dos ajustes mais cedo. A postura mais cautelosa dos investidores acompanhou a piora no câmbio, na medida em que o dólar voltava a ser negociado na casa dos R$ 4,22 durante à tarde, em meio ainda às preocupações com os impactos econômicos da disseminação do coronavírus. Os curtos, por sua vez, pouco se mexeram, dado que as apostas para o Copom são consideradas bem ajustadas para um novo corte na taxa na reunião da próxima semana.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 4,340% a etapa regular e em 4,345% a estendida, de 4,335% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2023 terminou em 5,49% (regular) e 5,45% (estendida), de 5,502% ontem. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxas de 6,18% e 6,17% (regular e estendida), de 6,211% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 terminou com taxas de 6,58% (regular) e 6,60% (estendida), de 6,601% ontem.

Com o Copom da semana que vem no radar, o mercado passou o dia na expectativa pela reunião de política monetária do Federal Reserve e de olho no noticiário sobre o surto de coronavírus. A decisão do Fed, de manter os juros entre 1,5% e 1,75%, era amplamente esperada e não influenciou diretamente os negócios com juros por aqui.

Com relação ao coronavírus, os investidores tentaram manter o sangue-frio ao longo do dia, mas à tarde o noticiário elevou as incertezas, justificando, em parte, a postura mais defensiva. O diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou que um comitê da entidade vai se reunir amanhã para decidir se o coronavírus é uma emergência internacional. No balanço mais recente, são mais de 6 mil casos confirmados em 17 países, com 132 mortes, todas na China.

Do ponto de vista econômico, a questão é saber o quanto o surto pode provocar de desaceleração global, num contexto de estimativas já pessimistas. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou, em entrevista coletiva ao término da reunião do colegiado, que esta é uma “questão muito séria” e terá “impactos na economia da China” no curto prazo. Segundo ele, além de prejudicar a economia do país asiático, a doença poderá também afetar talvez o nível de atividade global.

Internamente, as expectativas de inflação ancoradas abaixo das metas e a inflação corrente desacelerando mais rapidamente que o previsto neste começo do ano sustentam as apostas em torno de mais uma queda de 25 pontos-base da Selic no próximo Copom. Segundo o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, a curva projeta queda de 20 pontos-base na taxa no Copom de fevereiro, o que indica 80% de chance de Selic a 4,25%. Para o Copom de março, a curva precifica redução de 7 pontos-base, ou 28% de possibilidade de mais um corte.

Por Denise Abarca

Estadão Conteúdo

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