A despeito da crescente descrença com a realização da privatização da Eletrobras neste ano, o presidente da estatal, Wilson Ferreira Junior, reforçou na tarde desta quarta-feira, 29, que segue trabalhando com o objetivo de realizar a operação que retirará a elétrica do controle da União ainda em 2020. Ele afirmou que a expectativa é de que o Projeto de Lei que versa sobre o tema possa ser aprovado no Congresso Nacional ainda no primeiro semestre deste ano, de modo que seria possível realizar a capitalização, com a consequente diluição da participação do Estado, no segundo semestre.
Durante evento promovido pelo Credit Suisse, em São Paulo, o executivo destacou que, na volta do recesso legislativo, deve retomar trabalho junto aos parlamentares sobre a importância do tema. Ele comentou que no ano passado já vinha discutindo o assunto com deputados, e agora deve reforçar o trabalho junto aos senadores.
Ferreira avaliou que a possibilidade de contingenciamento relacionada à retirada da previsão de R$ 16,2 bilhões de receita com a privatização da Eletrobras pode favorecer a aprovação. “Porque tirar 16 bilhões do orçamento não é uma coisa que você faz fácil em casa, também não é no governo. Eu não tenho dúvida de que isso traz um nível maior de compromisso e vocês vão ver: porque você só contingencia. Afeta executivo e legislativo”, disse.
Ferreira destacou os feitos de sua gestão à frente da Eletrobras, desde 2016, com a redução da alavancagem para um patamar inferior a 2,5 vezes, e dos custos, favorecida por iniciativas como a venda de ativos e a redução do quadro de pessoal, para cerca de 12 mil empregados em maio próximo. “Nós gabaritamos as metas de 2016 agora, mas competitividade é alvo móvel, está se movendo sempre, e a empresa precisa ser ágil para alcançar objetivos”.
O executivo destacou que essas e outras iniciativas propiciaram que o valor da empresa em bolsa passasse de um patamar da ordem de R$ 9 bilhões para um valor próximo de R$ 60 bilhões. “Mas isso é só o começo, hoje a companhia vale próximo do valor patrimonial, mas a maior parte dos pares valem duas a três vezes, então tem espaço para melhorar”, afirmou.
Ferreira destacou que, embora a Eletrobras tenha melhorado a competitividade, a companhia ainda não é referência no tema, apesar de seu tamanho e representatividade. “Precisamos melhorar mais, existem evoluções, temos um plano, que no momento de privatização vai ser compartilhado”, disse, citando possibilidades adicionais relacionadas a automação e comercialização de energia, entre outros.
Por Luciana Collet
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