Categories: Economia

Crédito para cumprir regra de ouro pode ficar em R$ 79,9 bi

O valor do crédito que o governo deverá pedir ao Congresso Nacional para bancar o pagamento de aposentadorias e benefícios sociais sem descumprir a regra de ouro deverá ficar em R$ 79,9 bilhões. A estimativa foi divulgada hoje (29) pelo Tesouro Nacional.

Segundo o secretário adjunto do Tesouro, Otavio Ladeira de Medeiros, o projeto com o pedido de crédito suplementar só será enviado no início de abril, após a equipe econômica apurar as fontes e a insuficiência de recursos.

O Orçamento de 2020 autoriza o governo a pedir até R$ 343,6 bilhões em crédito suplementar ao Congresso. A autorização é necessária para que o governo emita títulos públicos – lance papéis no mercado financeiro – para cobrir gastos correntes. Desse total, a maior parte, R$ 213,7 bilhões, corresponde a benefícios da Previdência Social, e R$ 84,4 bilhões representam gastos com pessoal e encargos.

Neste ano, porém, o Poder Executivo poderá usar recursos disponíveis em caixa classificados de superávit financeiro para pedir uma autorização de menor valor ao Congresso. Atualmente, a insuficiência de recursos para cumprir a regra de ouro totaliza R$ 342,1 bilhões. O governo pode abater desse total até R$ 262,2 bilhões de superávit financeiro, o que reduziria o crédito suplementar para R$ 79,9 bilhões.

A maior parte do superávit financeiro é composta por lucros do Banco Central em 2018 (R$ 141,2 bilhões) e em 2019 (R$ 21,4 bilhões). Há ainda R$ 81 bilhões de devoluções do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ao Tesouro Nacional e R$ 18,6 bilhões de outras fontes.

A possibilidade de usar o superávit financeiro para diminuir o valor do crédito suplementar pedido ao Congresso é uma novidade trazida pela Lei de Diretrizes Orçamentárias deste ano. Em 2019, o governo teve de pedir crédito suplementar de R$ 248,9 bilhões para custear o pagamento de aposentadorias, do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC), mesmo tendo, na época, R$ 154,2 bilhões de superávit financeiro em caixa.

Endividamento

Instituída pelo Artigo 167 da Constituição de 1988, a regra de ouro determina que o governo não pode endividar-se para financiar gastos correntes (como a manutenção da máquina pública), apenas para despesas de capital (como investimento e amortização da dívida pública) ou para refinanciar a dívida pública. Nos últimos anos, os sucessivos déficits fiscais têm posto em risco o cumprimento da norma, o que tem levado o Tesouro a buscar fontes de recursos para ter dinheiro em caixa e reduzir a necessidade de emissão de títulos públicos.

A desvinculação e o remanejamento de recursos para a conta única do Tesouro diminuem o rombo da regra de ouro porque reduzem a necessidade de o governo lançar títulos públicos no mercado para cobrir despesas correntes. A proposta de reforma do pacto federativo, em tramitação no Congresso, prevê uma série de gatilhos quando o governo estoura a regra de ouro. Uma delas é a redução temporária de 25% dos salários do funcionalismo público.

Agência Brasil

Recent Posts

ABBC diz que redução no teto do consignado INSS prejudica bancos de menor porte

A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) afirma que as reduções do teto dos juros do…

12 horas ago

Governo enviará MP para flexibilizar lei de licitações em casos de calamidade, diz ministra

A ministra da Gestão, Esther Dweck, anunciou que o governo federal enviará uma Medida Provisória…

12 horas ago

AGU parabeniza 3 Poderes por ‘alto nível de diálogo interinstitucional’ sobre desoneração

O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, comemorou na rede social X (antigo…

12 horas ago

Consulta pública para projeto rodoviário da Nova Raposo recebe quase 2 mil contribuições

A consulta pública do projeto da rodovia Nova Raposo, em São Paulo, contou ao todo…

12 horas ago

Susep suspende por 30 dias prazos de processos sancionadores para seguradoras do RS

A Superintendência de Seguros Privados (Susep) aumentou prazos e suspendeu entregas de materiais regulatórios para…

13 horas ago

Febraban: doações de associados para socorro ao Rio Grande do Sul chegam a R$ 145 mi

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e bancos associados à entidade já doaram R$ 144,6…

13 horas ago