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Base da pirâmide e crédito imobiliário, a estratégia do Santander

O banco Santander divulgou, na quarta-feira (28) seu resultado do quarto trimestre e o dos 12 meses de 2019. O banco lucrou 14,55 bilhões de reais em 2019, alta de 17,4 por cento em relação aos 12,4 bilhões de reais de lucro de 2018. No quarto trimestre do ano passado, o banco lucrou 3,72 bilhões de reais, em linha com os 3,71 bilhões de reais do trimestre anterior. Sérgio Rial, presidente do banco, disse que 2019 foi um ano de “construção e consolidação”.

Os destaques do ano foram o crescimento da carteira de crédito e o avanço dos ganhos com tarifas. O banco faturou 18,7 bilhões de reais com tarifas no ano passado, alta de 8,1 por cento em relação ao 17,3 bilhões de reais de 2018. A maior parte das tarifas veio das operações com cartões, em um total de 6,2 bilhões de reais, alta de 6 por cento ante os 5,9 bilhões de 2018.

CRÉDITO – O Santander apresentou um crescimento de 15,3 por cento na carteira de crédito, que avançou para 352 bilhões de reais ante 305 bilhões de reais no fim de 2018. O aumento mais expressivo foi nos empréstimos à pessoa física, que cresceram de 132,6 bilhões de reais em dezembro de 2018 para 155,3 bilhões de reais no fim de 2019, expansão de 17,2 por cento.

O crescimento dos empréstimos à pessoa física foi muito superior à média do mercado. O Banco Central (BC) divulgou, nesta quarta-feira, que os empréstimos à pessoa física cresceram 8,6 por cento no ano passado. Os empréstimos com recursos direcionados, como financiamento agrícola e imobiliário, avançaram 3,3 por cento, ao passo que os empréstimos com recursos livres cresceram 13,3 por cento, abaixo do crescimento da carteira do Santander.

O banco também divulgou um crescimento de 11,9 por cento nos empréstimos a grandes empresas, que avançaram de 86,9 bilhões de reais para 97,2 bilhões de reais. O movimento veio na contramão do mercado, que vem notando uma retração nesses empréstimos. A baixa nas taxas de juros tem feito as grandes empresas preferirem captar dinheiro por meio do mercado de capitais, e não por meio da contração de empréstimos. Segundo Rial, o bom desempenho do Santander deveu-se a um movimento de retomada das empresas, especialmente dos setores de energia. “Em 2019 houve fusões, aquisições e um movimento significativo de privatizações, o que resultou em um aumento da demanda por crédito pelas grandes empresas”, disse o presidente.

BASE DA PIRÂMIDE – Segundo Rial, os resultados dos bancos vêm sendo pressionados pelo aumento da competição, especialmente das fintechs. O executivo disse considerar esse movimento positivo. “Vai nos obrigar a transformar nossas organizações em algo mais voltado para o consumidor”, diz ele. No futuro, as margens de lucro deverão ser mais pressionadas pelo aumento da competição e pela desregulamentação do mercado. Mesmo assim, o banco mantém uma estimativa de crescimento de lucros no médio prazo.

As grandes apostas do Santander são a base da pirâmide e o crédito imobiliário. Segundo Rial, a Prospera, empresa do banco dedicada a microcrédito, já tem 510 mil clientes na base da pirâmide. “Hoje, o banco está começando a conhecer o Brasil de verdade, e temos certeza de que esse mercado tem um grande potencial”, diz ele. A iniciativa para a base da pirâmide também inclui a produção rural. O Brasil tem milhões de pequenos produtores rurais que podem ser consumidores de serviços financeiros como crédito, seguros e eventualmente consultoria e assessoramento na gestão.

IMÓVEIS – Outro dos pilares do crescimento do banco será o crédito imobiliário. Segundo Rial, atualmente há um grande descompasso entre os preços dos imóveis novos e dos imóveis usados. Para o executivo, é questão de tempo para que haja um movimento de valorização do imóvel usado, diminuindo essa diferença, o que vai permitir mais movimentação no mercado imobiliário. “Hoje, o proprietário de um imóvel usado não consegue vender sua propriedade e comprar um imóvel novo, devido à diferença de preços”, diz ele.

Claudio Gradilone

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