O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, voltou a dizer nesta terça-feira, 28, em evento do Credit Suisse, que a autoridade monetária reconhece ter tido, em 2019, um impacto da alta dos preços da carne na inflação maior do que o esperado, o qual será dissipado rapidamente, gerando menos efeito em 2020.
Ao contrário do último evento em que participou, na XP Investimentos, na sexta-feira, o presidente fez um discurso bem mais enxuto sobre inflação, limitado a menos de um minuto.
“Choque da proteína na inflação foi antecipado mas achamos que também vai se dissipar mais rapidamente. Tivemos mais efeito em 2019 do que imaginávamos mas vamos ter menos efeito em 2020”, disse ele, ao citar os riscos considerados pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Riscos externos
Além disso, na parte de riscos externos, ele disse que o Copom enxerga uma suavização do risco de desaceleração global, boa parte apoiada no crescimento da Ásia. Além disso, estão na mira, o tema do crescimento americano e quanto do impulso fiscal feito recentemente vai gerar efeito na atividade; guerra comercial; e fatores geopolíticos.
Recuperação econômica
Quanto a crescimento, Campos Neto voltou a dizer que os números do Banco Central são “menos voláteis” do que os do mercado e que a autoridade monetária entende a recuperação como gradual. “No quarto trimestre, de um mês para o outro, vi gente que tinha (como estimativa) 0,3% e foi para 1%, nossos números estão menos voláteis”, comentou.
Reformas
Ele também frisou que o BC tem reforçado nos últimos meses o recado de que apenas a reforma da Previdência não seria suficiente. “Fizemos trabalho intenso para falar que não era só previdência que estávamos falando, tem tributária, administrativa, microrreformas, a parte de competitividade. Cadência e continuidade nas reformas são muito importante”, destacou, afirmando que as reformas microeconômicas, como no crédito, “aumentam o canal de transmissão”.
Campos Neto também voltou a afirmar que existe um “gap” difícil de ser medido sobre o efeito das ações de política monetária e de estímulo. “Como temos várias coisas sendo feitas ao mesmo tempo, é difícil saber qual é o gap do efeito”, disse.
Por Bárbara Nascimento, André Ítalo Rocha e Cristian Favaro
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