Categories: Economia

Vigilância bem montada evitou entrada do coronavírus em 2003, diz especialista

O médico infectologista Carlos Magno Fortaleza, do Departamento de Doenças Tropicais da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu (SP), disse que o Brasil está exposto ao coronavírus, causador da pneumonia indeterminada que já matou 17 pessoas na China, mas tem a vantagem de possuir uma boa rede de vigilância epidemiológica. Em 2003, segundo ele, isso evitou que outro coronavírus, identificado como SARS, que se espalhou pelo mundo, entrasse no país.

“Naquele caso, a doença começou na China, passou para outros países e foi contida graças a um grande esforço internacional”, afirmou. No evento atual, ele considera que o Brasil é tão exposto como qualquer outro país que tenha contato por meio de viajantes com a China.

“Hoje, o mundo é todo conectado por transportes aéreos de longa distância e muito rápidos, então estamos diante de uma situação, sim, de risco internacional. O que temos a nosso favor é que nós fazemos parte de um grupo de países que têm muito bem montada a vigilância epidemiológica, a capacidade de identificar casos e responder rapidamente.”

Segundo ele, essa estrutura foi montada ao longo dos últimos 20 ou 30 anos no Brasil e hoje está bastante sólida. “A nossa capacidade de agir rapidamente, identificar a doença e notificar os casos talvez seja a nossa maior segurança, algo que poucos países não desenvolvidos têm.”

De acordo com o especialista, as medidas iniciais tomadas pelo governo brasileiro, de monitorar aeroportos, portos e postos de fronteira, é o que se pode fazer, de acordo com as normas da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A expectativa agora é sobre a decisão da OMS de se considerar ou não a situação de emergência de saúde pública de importância internacional. “Quando isso é decretado, todos os países são chamados a colaborar na vigilância de aeroportos, portos e fronteiras, em um trabalho conjunto. O que temos hoje e que não tínhamos no passado é uma capacidade enorme de comunicação. A maior parte dos países que têm uma estrutura melhor de saúde pública já está em alerta.”

Fortaleza lembra que não existe segurança absoluta de que a doença não chegue ao Brasil. “O que podemos fazer é utilizar bem os nossos controles e nossa capacidade de identificar e diagnosticar os casos. A China é um país enorme, mas os casos estão vindo especificamente de uma região, da cidade de Wuhan. A história mostra que condutas como restringir voos e fechar fronteiras não evita que uma doença se localize no país. Os Estados Unidos fizeram isso para conter o ebola, mas o ebola entrou a partir de imigrantes ilegais. O que faz o Brasil, que não fecha a fronteira e trabalha com a informação, é muito mais eficaz”, finalizou.

Por José Maria Tomazela

Estadão Conteúdo

Recent Posts

Vale: Esperamos chegar a um acordo final no processo de mediação em outubro

Em resposta a comentários do ministro Alexandre Silveira, das Minas e Energia, a Vale afirmou,…

16 minutos ago

BNDES aprova crédito de R$ 58 Mi a TW Transportes para reconstrução de armazém no RS

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou crédito emergencial, na modalidade investimento…

17 minutos ago

BC informa ocorrência de incidente de segurança com chaves Pix sob guarda da SHPP Brasil/Shopee

O Banco Central informou nesta quinta-feira, 19, a ocorrência de incidente de segurança com dados…

2 horas ago

Lula sanciona lei que cria política nacional de incentivo ao cultivo de coco

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou nesta quinta-feira, 19, a Lei…

3 horas ago

Governo contrata projeto para trecho da Transnordestina; é o 1º investimento do tipo em 14 anos

A Infra S.A., empresa pública vinculada ao Ministério dos Transportes, assinou contrato com o Consórcio…

4 horas ago

iFood lança portal de dados e diz que entregadores trabalham 31,1 horas mensais pelo app

A empresa de delivery de comida e mercado iFood declarou que houve uma redução na…

4 horas ago