O dólar teve dia de queda e terminou em R$ 4,1753, em baixa de 0,71%. Profissionais de câmbio relatam que os investidores aproveitaram o dia mais tranquilo no exterior, com a moeda americana caindo em vários mercados emergentes, para corrigir os excessos da véspera, quando a divisa bateu em R$ 4,20, fechando no maior nível em quase 50 dias. Captações externas também trouxeram certo alívio ao mercado. O Bradesco fechou hoje emissão de US$ 1,6 bilhão, com demanda chegando a US$ 4,5 bilhões. Com isso, o real foi uma das moedas que mais ganhou força hoje ante o dólar em uma cesta de 34 dividas, atrás do rand da África do Sul e do peso da Colômbia.
Após uma terça-feira de estresse no mercado internacional, por conta do temor de disseminação internacional do novo tipo de coronavírus, que fez várias vítimas na China, a terça-feira foi de alívio após autoridades em Pequim e em outros países sinalizarem que estão sendo feito esforços para evitar a propagação da doença, que já fez 17 vítimas no país asiático.
“Investidores comemoraram medidas tomadas nos Estados Unidos e no exterior para conter o surto de um coronavírus potencialmente mortal”, observa a economista da corretora Stifel, Lindsey Piegza. Com isso, o dólar caiu ante a maioria dos emergentes.
O diretor de tesouraria de um banco observa que, apesar do alívio de hoje, que é basicamente uma correção da forte alta de ontem, janeiro tem sido um mês ruim para o real. O dólar acumula alta de 4% no ano. Com isso, o real tem o pior desempenho em uma cesta de 34 divisas em janeiro.
O ambiente externo ainda incerto deve manter o dólar ao redor de R$ 4,00 pela frente, avalia o economista-chefe para Brasil do Citi, Leonardo Porto, em relatório. A rápida acomodação do potencial de conflito entre Irã e EUA e a assinatura do acordo comercial fase 1 entre a Casa Branca e Pequim foram positivos para as moedas de emergentes. Para maior apreciação do real, o economista observa que será preciso evidências adicionais de que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) está se acelerando, além do avanços da agenda de reformas de Jair Bolsonaro.
Entre os fatores que podem pressionar o real, está a incerteza sobre os próximos passos de acordo comercial entre EUA e China, observa o Citi. Há ainda a tendência de elevação do déficit em conta corrente do Brasil, para 3,2% este ano, ante média de 2%. O banco americano prevê que o PIB deve crescer 2,2% este ano e o Banco Central deve parar os cortes de juros, com a Selic permanecendo no nível atual de 4,5% em 2020. O dólar deve encerrar dezembro em R$ 3,98.
Por Altamiro Silva Junior
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