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Cautela externa por China e Davos empurra Ibovespa para o negativo

O Ibovespa acompanha a aversão a risco no exterior, onde as bolsas europeias e os índices futuros de Nova York operam em queda nesta terça-feira, 21. Após renovar máxima intraday e de fechamento na segunda-feira, com alta de 0,32%, aos 118.861,63 pontos, o principal índice da B3 é conduzido pela cautela internacional e ainda por notícias internas consideradas desfavoráveis, pelo menos até os investidores ouvirem mais palavras do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Em Davos (Suíça), esta manhã, Guedes participará de painel no Fórum Econômico Mundial sobre a América Latina. A ideia é tentar melhorar a imagem do Brasil perante o exterior e atrair recursos para o País.

Mais cedo, em outro painel, o ministro disse que o Brasil vai aderir ao acordo de compras governamentais (PA, na sigla em inglês). Dele, fazem parte países da Europa, Estados Unidos, China e Japão, entre outros. Segundo Guedes, a adesão faz parte de uma das promessas de campanha do presidente Jair Bolsonaro, de atacar a corrupção.

O ministro também afirmou que o grande inimigo do meio ambiente é a pobreza, e que quem desistir do Brasil vai ganhar menos.

“A semana nos mercados deve ficar por conta disso Davos, da preparação para o ano lunar, que tende a diminuir a liquidez, e ainda tem essa notícia sobre o coronavírus. Deve ser um dia negativo também para a Bolsa brasileira”, estima o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira.

Minutos após a abertura do pregão desta segunda-feira e aquém dos 118 mil pontos, o Ibovespa renovou mínimas (117.891,27 pontos), mas diminuiu o ritmo de queda. Às 10h47, cedia 0,31%, aos 118.488,19 pontos. Boa parte das ações da carteira do Ibovespa operava no campo negativo. Na véspera, o Ibovespa atingiu recorde aos 118.861,63 pontos (alta de 0,32%), mesmo sem as bolsas de Nova York, que ficaram fechadas por conta de feriado. Hoje, de volta ao funcionamento, os índices futuros norte-americanos indicam abertura em baixa, em dia de aversão a risco.

Na China, um novo tipo de coronavírus que teria se espalhado da cidade de Wuhan, na região central do país, e contaminado mais de 290 pessoas na nação asiática, causa temores. A notícia de que a doença pode ser transmitida entre humanos ampliou as preocupações poucos dias antes do feriado do ano novo chinês, que tem início na sexta-feira e se estenderá por uma semana.

A MCM Consultoria avalia em nota que os problemas causados pelo coronavírus podem reduzir gastos de produtos mais caros, entre outros. O último caso de saúde pública na China que impactou os mercados foi a SARS em 2002-2003, lembra a MCM. “Ativos de risco recuam por conta de notícias diversas: fracos resultados corporativos na zona do euro e problemas de saúde pública na China.”

Além da queda das bolsas internacionais, commodities como o petróleo têm recuo expressivo, entre 1,67% (Londres) e 1,33% (Nova York), o que pode comprometer o desempenho das ações da Petrobras.

O investidor ainda avalia notícia sobre a falta de aprovação de leilões de áreas da cessão onerosa, o que acende a luz amarela, conforme fontes ouvidas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. A previsão era de que em 2020 fossem realizadas a 17ª Rodada de Concessões, a 7ª Rodada de Partilha e a 2ª Rodada da cessão onerosa.

O governo já sinalizou que estuda melhores condições para a venda das áreas da cessão onerosa, após o fracasso do leilão do ano passado, salvo pela Petrobras. Os papéis da estatal cediam entre 0,57% (PN) e 0,84% (ON), coincidindo com o recuo do petróleo no exterior.

Por Maria Regina Silva

Estadão Conteúdo

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