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Carnaval 2020: em SP, temas de blocos incluem k-pop e cultura judaica

O carnaval de rua de São Paulo não para de crescer. E tem festa para todos os gostos: as propostas vão de homenagens a artistas e ritmos brasileiros, como forró e o cantor Tom Zé, até misturas com outras culturas, como a música judaica e o pop coreano. Neste ano, mais de 300 blocos estreiam na capital – o total de desfiles (796) representa aumento acumulado de 360% desde que a folia paulistana foi oficializada, em 2014. A programação oficial começa em 15 de fevereiro.

Um dos estreantes é o Unidos do K-Pop, criado em meio à popularização de grupos pop da Coreia do Sul e idealizado por quatro amigos que trabalham com cultura do país asiático. “Existem inúmeras formas de abordar o k-pop e o entretenimento sul-coreano. Ter equipes e pessoas com know-how do segmento faz com que a gente possa pensar em inúmeras possibilidades de transformar o bloco em um espetáculo plural”, explica o produtor Lucas Hirai, de 27 anos.

No bloco, DJs vão tocar hits de grupos k-pop, como BTS e Blackpink. O público estimado é de 5 a 10 mil pessoas, na faixa de 10 a 28 anos. “Estamos abertos a crescer e não descartamos a presença de um grupo idol (famoso) de k-pop, contanto que a gente ache o parceiro comercial certo, que abrace os fãs do gênero. Vale sonhar, né?”

Outro que desfila pela primeira vez é o Kipá-rada Jewish Bloco, que mistura músicas de festas judaicas com canções brasileiras. “A música judaica é muito alegre. Quem já foi a um casamento, festa judaica ou até viu um filme sabe que tem aquelas brincadeiras de roda, de levantar a cadeira. É sempre animado”, diz o publicitário Leonardo Mizrahi, de 33 anos.

Com cinco anos de experiência no carnaval de rua, Mizrahi reuniu uma bateria com cerca de 15 pessoas. O processo de transposição das canções para ritmos como frevo, samba reggae e xote levou pouco mais de um ano. “Tem uma mistura também. No meio de uma música judaica entra um Jorge Ben, no meio de uma música do (Gilberto) Gil toca uma judaica. Também tem paródias de músicas brasileiras com letras relacionados ao universo judaico.”

O trajeto do desfile foi escolhido para passar por Higienópolis, bairro da região central com forte ligação com a cultura judaica. “Trazemos uma ideia nova para a comunidade e todo mundo que vive perto e tem contato”, diz. “Será uma festa de bairro e para se aproximar do público. O bloco é aberto a todo mundo, a quem quer ver novas ideias, conhecer um pouco mais da cultura judaica.”

Abacaxi e provolone

Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia e outros tantos artistas brasileiros são tema de blocos em São Paulo. Então, por que não estender essa lista para Tom Zé? Com essa proposta, o artista plástico David Galasse, de 39 anos, reuniu amigos que já tocavam no carnaval de rua e até ex-parceiros musicais de Tom Zé para criar o Abacaxi de Irará, referência à canção homônima e à cidade baiana onde o artista nasceu.

O grupo escolheu as cores vermelho, amarelo e verde e a temática tropical, em referência à participação de Tom Zé na Tropicália. A ideia é tocar canções de todos os períodos da carreira do artista, principalmente dos discos Estudando o Samba e Todos os Olhos. “Pela importância histórica, para a cidade, ele já merecia ter sua homenagem”, defende Galasse.

O Abacaxi de Irará desfilará por Perdizes, na zona oeste de São Paulo, e passará em frente ao prédio em que o músico reside. “Nosso desejo é que ele apareça no dia, desça, venha curtir com a gente, seria um sonho. Se sair na janela e der uma flor, já seria lindo.”

Já o Forró do Provolone levará zabumba, triângulo e sanfona, tocando Luiz Gonzaga, Dominguinhos e sucessos do forró pé de serra. Ele nasceu de uma roda de forró criada no ano passado pelos mesmos organizadores do bloco Nega Fulô e o Palhaço Bebum, que desfilará em São Paulo pela quinta vez neste ano.

“Quando acabava o carnaval, a gente praticamente não fazia mais nada. Ano passado a gente resolveu fazer diferente, reunir a galera na Santa Cecília (região central de São Paulo) e fazer forró todas as quintas”, conta o agente de finanças Léo Lopes, de 37 anos, um dos idealizadores do bloco.

Bloquinhos mirins

O carnaval também terá novos blocos voltados a famílias com crianças pequenas. Um dos estreantes é o Fora da Casinha, criado pela produtora cultural Luísa Alves, de 35 anos. “Famílias com crianças pequenas querem uma coisa mais tranquila, porque bloquinho, às vezes, é aquele ‘fervo’, fica difícil ir no banheiro, às vezes não é legal”, diz.

O bloco não terá desfile e ficará estático na Praça Rotary, região central. A ideia é facilitar que as famílias se distribuam pela área verde e consigam se deslocar, incluindo para uma pequena tenda com fraldário que será instalada no local.

A principal atração do bloco é o grupo A Bandinha, que costuma se apresentar no carnaval pernambucano. Também está em planejamento a participação de brincantes no meio do público. “A banda vai tocar ritmos brasileiros, muito maracatu, muito frevo, marchinha”, afirma Luísa.

Assim como outros estreantes, o Fora da Casinha também vai arrecadar fundos com venda de camisetas e financiamento coletivo, além de procurar patrocínio. “O carnaval (para crianças) ainda está engatinhando, tem algumas coisas que estão acontecendo, que acho muito louvável. Mas vejo que as famílias ainda têm muito receio de sair nos dias de carnaval com criança, pela muvuca, pelo trânsito e tudo mais.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Priscila Mengue

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