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Bancos brasileiros ampliam participação em Portugal para atender maior demanda

A saída do Reino Unido da União Europeia e a chance de atender a empresas e clientes ricos fazem os bancos brasileiros reforçarem sua presença em Portugal. O Itaú Unibanco vai inaugurar um novo escritório no país neste mês, enquanto o BTG Pactual recebeu o aval do regulador local. A XP Investimentos e o Bradesco também rondam o mercado português.

O total de brasileiros vivendo em Portugal cresce há anos, mas essa tendência se intensificou em 2019. A população brasileira residente no país cresceu 43% no ano passado, segundo dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras divulgados pelo jornal Público. A comunidade brasileira é de 151 mil pessoas – mas o número real é maior, já que o dado não conta brasileiros que têm passaporte europeu.

Além de seguir o rastro do dinheiro, os bancos brasileiros também miram Portugal pela facilidade do idioma e pelo mercado de crédito, estimulado pela taxa de juros na zona do euro. Hoje, a taxa de depósito do Banco Central Europeu (BCE) é de -0,5%, enquanto a de refinanciamento está em zero. Ambas valem para toda a zona do euro. No Brasil, a taxa básica de juros está hoje em 4,5% ao ano.

O presidente da Federação das Câmaras Portuguesas no Brasil, Nuno Rebelo de Sousa, vê a onda de brasileiros em Portugal com otimismo. “É uma tendência que não vai parar. Portugal oferece grandes incentivos para atrair empresas e pessoas físicas.” Para ele, o cliente brasileiro que vai para Portugal precisa de crédito, e os bancos brasileiros precisam estar em solo lusitano.

Investimentos. Sócio responsável pela área de gestão de grandes fortunas do BTG Pactual, Rogério Pessoa diz que o Brexit influenciou a escolha de Portugal – mas lembrou que outros motivos também pesaram. “Escolhemos Portugal como um hub (centro) de gestão de fortunas para latinos e brasileiros na Europa”, disse.

A operação do BTG em Portugal será liderada pelo sócio Ricardo Borgerth. “Já temos R$ 3 bilhões em recursos de clientes que atendemos em Portugal. Miramos mais do que triplicar esse valor, batendo a marca de R$ 10 bilhões em um espaço de três a cinco anos”, diz Pessoa.

Os planos do BTG incluem, em um primeiro momento, um escritório de representação para explorar a área de grandes fortunas, atraindo investidores com pelo menos R$ 3 milhões e negócios imobiliários. O foco principal, porém, está em clientes com pelo menos R$ 10 milhões de patrimônio – estratégia já seguida pelo banco no Brasil, nos EUA e na América Latina.

O Bradesco também se movimenta no mercado português. Além da presença em Londres, possui um banco em Luxemburgo. Segundo o diretor executivo do Bradesco, Renato Ejnisman, a instituição cogita abrir uma agência do banco de Luxemburgo em Portugal para atender clientes brasileiros que migraram para o país. “Há dois principais polos de brasileiros que têm fortunas. Um é Miami, onde já estamos posicionados. O outro é Portugal e estamos analisando”, disse o executivo.

A XP Investimentos também anunciou o interesse em desembarcar em Portugal. Para colocar sua filial de pé, contudo, ainda depende, segundo apurou o jornal O Estado de São Paulo/Broadcast, de autorizações que já estão em fase de aprovação. Procurada, a XP não comentou.

Entre outros pesos-pesados do mercado financeiro brasileiro, o Banco do Brasil ainda não bateu o martelo quanto aos próximos passos após o Brexit. O banco está presente em Londres desde 1971 com uma unidade de estruturação e distribuição de emissões de dívida de empresas e governo, além de manter uma agência na cidade.

Outra novidade em Portugal é a reabertura da operação do Itaú Unibanco, com foco em atacado (corporações) e private (grandes fortunas). Um evento de inauguração está agendado para dia 29 de janeiro, mas as informações sobre o tema estão sob sigilo – procurado, o Itaú não comentou.

‘Para inglês ver’.
A expansão das operações dos bancos brasileiros em Portugal depende da condução da saída do Reino Unido da UE. Um executivo brasileiro, que pediu anonimato, disse acreditar em uma postura flexível do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, na definição dos acordos comerciais. Se pouco mudar nas regras, não haverá motivo para uma movimentação em massa de instituições financeiras. O Brexit, no fim das contas, pode ser apenas “para inglês ver”.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Por Aline Bronzati, Eduardo Gayer e Célia Froufe

Estadão Conteúdo

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