O dólar fechou a quinta-feira com alta de 0,82%, cotado em R$ 4,0852, no maior valor desde 20 dezembro de 2019. Em dia de menor volume de negócios no mercado, a alta da moeda americana no exterior e a fraca produção industrial de novembro ajudaram a pressionar o câmbio. Com isso, o real acabou tendo o segundo pior desempenho ante a moeda americana no mercado internacional, atrás apenas do peso chileno. No mercado futuro, o dólar para fevereiro fechou em alta de 0,71%, a R$ 4,0990, na máxima do dia.
O dólar teve um dia de valorização no exterior, com notícias de que o acordo comercial “fase 1” com a China será mesmo assinado no próximo dia 15 e já tem até horário marcado, às 13h30 (de Brasília). A leitura é que a assinatura pode fortalecer a economia americana. Além disso, a redução de preocupações em relação ao Irã contribuiu para manter o clima positivo no exterior. A moeda americana subiu de forma generalizada, ante divisas fortes e emergentes. A maior alta foi no Chile, de 1,30%. “As tensões com o Irã diminuíram, contribuindo para a alta do dólar”, observam os estrategistas de moedas do banco de investimento americano Brown Brothers Harriman (BBH).
Para Marcio Simões Rodrigues, gerente da Mesa de Operações BMF da corretora Planner, o mercado de câmbio com menos players neste começo do ano ajuda a potencializar os movimentos do dólar aqui. Por isso, o desempenho mais fraco do real na comparação com outras moedas emergentes. Apesar da menor tensão no Oriente Médio, os agentes estão em compasso de espera para ver o que pode acontecer, ressalta ele. Se não houver nova escalada da situação, o dólar pode voltar para a casa dos R$ 4,03.
Rodrigues não vê neste momento necessidade de atuação do Banco Central no mercado, até porque não se sabe ao certo como vai caminhar a questão no Oriente Médio. Por enquanto, os indicadores mais técnicos do mercado não mostram pressão na demanda por dólar, nem no mercado à vista nem por hedge.
No mercado doméstico, o destaque do dia foi a produção industrial de novembro, que caiu mais que o esperado e realimentou discussões de novo corte de juros pela frente, o que é desfavorável para atrair recursos externos ao Brasil. O economista da consultoria inglesa Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia, ressalta que os números vieram fracos e não são consistentes com outros indicadores que têm apontando para melhora da atividade.
Por Altamiro Silva Junior
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